Iniciamos na segunda semana de julho a Série AARS Depoimentos: Arquivos na pandemia. Hoje publicamos o vigésimo segundo depoimento.
A associada Catia Rubinstein Selistre relata o impacto da pandemia da Covid-19 no seu trabalho arquivístico.
Os depoimentos são publicados às quintas-feiras no site da AARS.
Catia Rubinstein Selistre
Acadêmica de Arquivologia UFRGS
Porto Alegre, RS
Associada n. 519 da AARS
1. Qual o seu local de trabalho como arquivista?
Trabalho na Secretaria de Saúde de Porto Alegre como dentista há 22 anos, e curso o 5o.semestre de Arquivologia na UFRGS.2. Quais atividades desenvolvia antes da pandemia?
O plano de trabalho deste ano era o de iniciar meu primeiro estágio obrigatório em um acervo da Faculdade de Odontologia da UFRGS, escolhido em razão da minha aproximação com esta temática. Mas, por conta da pandemia, todas as atividades presenciais da UFRGS foram interrompidas no início da pandemia.
Sigo trabalhando no SUS, no Centro de Especialidades Odontológicas da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, como cirurgiã-dentista. Presto assistência clínica e, nesse momento, também realizo remotamente as notificações de pacientes suspeitos de COVID 19, com solicitação de testes por meio de um sistema informatizado para regulação ambulatorial e hospitalar chamado GERCON.3. A pandemia mudou a sua rotina de trabalho? Se sim, conte-nos o que mudou.
A pandemia mudou toda a rotina de trabalho e de espaço físico dentro do nosso serviço. Tivemos de adequar todos os ambientes de trabalho, incluindo os consultórios. Posicionamos todo o mobiliário de arquivos de prontuários físicos das cinco especialidades odontológicas em um único espaço, de modo que pudéssemos acessá-los e realizar as evoluções fora da sala clínica. Desse modo, nenhum prontuário entra ou permanece na sala durante o atendimento, evitando a contaminação. No período de distanciamento social, retomamos virtualmente a elaboração e atualização de protocolos clínicos das especialidades, documentos esses disponíveis publicamente na página da Prefeitura de Porto Alegre. São esses Os protocolos são uma parte dos requisitos da Política Nacional de Regulação, norteando os atendimentos clínicos nas diferentes especialidades odontológicas.
O grande desafio foi trabalhar com o sistema de regulação para notificar pacientes suspeitos e gerar a solicitação para a realização de testes diagnósticos. As solicitações geradas são encaminhadas para o correio eletrônico dos pacientes, para que eles realizem os exames no tempo adequado. É gratificante poder colaborar na melhoria do ambiente de trabalho, elaborando rotinas e procedimentos que podem fazer toda a diferença na hora da execução das tarefas e na prevenção à contaminação. Além disso, o contato telefônico com os pacientes para esclarecimento de dúvidas ou solicitação de dados de confirmação provocou em mim um sentimento de aproximação e de ser útil em um momento tão delicado pelo qual estamos passando.4. Depois que a pandemia passar, como será a volta ao trabalho? Que rotinas pretende retomar e quais manterá?
A volta plena ao trabalho com certeza será diferente. Teremos que nos adaptar aos ambientes modificados (que certamente permanecerão), ao acréscimo de alguns equipamentos de proteção individual, à diminuição dos abraços e apertos de mãos com os colegas e usuários, ato este que é o mais caro para nós.
Seguiremos realizando nossos registros de maneira segura, fora da área contaminada, preservando o ambiente de trabalho e os documentos. E, com certeza, pretendo iniciar meu estágio curricular!