Iniciamos na segunda semana de julho a Série AARS Depoimentos: Arquivos na pandemia. Hoje publicamos o décimo nono depoimento.
A associada Evelise Batista Machado relata o impacto da pandemia da Covid-19 no seu trabalho arquivístico.
Os depoimentos são publicados às quintas-feiras no site da AARS.
Evelise Batista Machado
Arquivista Itaipu Binacional
Foz do Iguaçu, PR
Associada n. 058 da AARS
Sou arquivista na ITAIPU Binacional há 12 anos, desde 4/08/2008, e pela primeira vez estou fora do trabalho mesmo trabalhando, pois no dia 18/03/2020 a IB determinou o afastamento de vários grupo de empregados, incluindo os cadeirantes (ode eu me enquadro), cuidadores de pais idosos, e devo ter esquecido mais alguns. No dia 20/03 todos os empregados não essenciais foram liberados para o home Office.
Eu estava em casa há dois dias, mas como a informática da empresa não estava preparada para tamanha demanda (a verdade ninguém estava preparado), fiquei sem acesso ao escritório remoto, mas na ansiedade e espera que a qualquer hora poderia ser liberado o acesso. Eu estava também completamente despreparada de imobiliário (que falta me faz a minha mesa da usina).
Com o escritório remoto liberado comecei a minha briga e com os computadores, pois fazia trabalhos profissionais salvava non otebook particular, e vice-versa. Descobri que Ctrl+C e Ctrl+V, que como Ctrl+L não fucionam no acesso remoto, nessa bora só contando com colega que entende de informática, mas eles tem paciência, e passamos por numa troca de experiências enquanto sobrevivemos a esse caos da pandemia.
Saí de casa poucas e rápidas vezes, pois compras, presentes tudo por internet, me permiti sair só para comprar alguma coisa que só eu poderia escolher, necessária para o trabalho ou para casa, e quando pela Internet não valia a pena. No restante do tempo a rotina, acordar, comer, trabalhar, fazer cursos online, lives, ler, assistir TV, estudar, e no meios disso tudo atender todas as necessidades básicas do ser humano, principalmente comer.
Parece que esse tempo não vai acabar nunca, a saudade aperta, já passei para fase da raiva, do stress, do cansaço supremo (essa ainda aparece de vez em quando), do trabalho acumulado com cursos on-line e (mais de um sempre), das lives, e no meio disso tudo tenho que comer, dormir, etc.., e conversar com mãe,filha e neta que moram longe, eu nunca fiquei tanto tempo longe delas, e torcer que tudo se resolva o mais rápido possível e da melhor forma.
Sempre achei estranho ver na TV os chineses usando máscara a qualquer tempo, mas hoje não saio sem uma, e fico admirada das pessoas que pensam que a máscara é pra esconder a papada, não vejo outro motivo para usarem abaixo do queixo. Só usei máscara no trabalho por duas ocasiões, quando trabalhei com documentos muito sujos, mas agora uso máscara para ir no corredor do prédio que moro.
Isso vai passar, não sei quando, mas antes de podermos sair de casa tranquilamente, voltar ao trabalho, poder sair de casa quando quiser nos finais de semana e fora do horário de trabalho, e poder abraçar minha mãe Dejanira, minha filha Luísa e minha neta Ester, ainda temos que esperar a vacina chegar. A tecnologia ajuda, mas não substitui o abraço, o cheiro e o carinho de quem amamos.
Desejo que 2021 venha com a vacina, independente da procedência, e sejam muito mais leve que 2020.